
O que nos impede realmente de avançar, de agir, de nos tornarmos naquilo que ambicionamos?
O que faz com que alguém descontente com a sua vida não assuma nenhuma ação para a mudar?
Porque é que conhecemos tantas histórias de pessoas insatisfeitas com a sua profissão, com os seus relacionamentos, com o caminho que segue a sua vida e que se deixam permanecer nesse estado de passividade e de conformismo?
Várias respostas poderiam ser dadas a estas questões: falta de tempo, poucas oportunidades, incerteza, volatilidade do meio, apenas para nomear algumas... Mas na verdade, bem no âmago da questão, tudo se resume a uma palavra: MEDO.
“Medo de mudar. Medo do desconhecido. As pessoas não mudam de karma por medo”, diz DeRose em Karma e Dharma, transforme a sua vida.
Todos nós já vivenciamos o medo em algum momento das nossas vidas: o medo da rejeição e da crítica, o medo de falhar ou não ser suficiente, o medo de amar (e não ser amado), o medo de ficar sozinho, o medo do ridículo, o medo do desconhecido, até o próprio medo do sucesso (como aguentar a pressão de manter o padrão de sucesso e corresponder às expectativas com ele criadas?)...
O medo é uma emoção básica, que coloca o nosso organismo em sobre-alerta e o prepara para fugir e/ou defender-se perante a percepção de perigo. Desde os tempos primitivos que esse sistema de alerta permite aos seres humanos reagir perante os sinais de ameaças do meio, sendo por isso uma emoção muito respeitada e assumida pela sua capacidade de proteção.
Incorporada no inconsciente coletivo, verifica-se que “cada povo e cada pessoa se caracteriza por um tipo de medo o qual varia com o tempo e com o seu nível de conhecimentos.”
O perigo real ocorre quando observamos que o medo, para além de nos proteger, pode também destruir a nossa autoconfiança e imobilizar-nos, impedindo-nos de tomar uma ação efetiva rumo à concretização dos nossos objetivos.
Foi assim que ao longo dos séculos foi exercido o controlo dos povos, através da repressão gerada pelo semear do medo. Quer seja através do conceito do pecado e da punição no dia juízo final, introduzido pela Igreja, quer pelo receio de punições físicas (como aconteceu, por exemplo, em todos os regimes fascistas), a verdade é que o medo, enquanto emoção básica do ser humano, foi objeto de manipulação ao longo dos tempos, no sentido de criar sentimentos de culpa e de receio que controlassem os comportamentos dos indivíduos.
Os regimes mudaram. Vivemos, agora, numa sociedade de informação, mas continuamos a observar que muitos desses conceitos “manipulados” ficaram impregnados no inconsciente, continuando a dirigir as nossas percepções.
No entanto, como refere Pilar Jericó, “A base do medo é biológica, mas o conhecimento consegue reduzir as incertezas do meio e modular parte dos nossos temores.”
Então, importa compreendermos a origem não só do medo, mas das emoções em geral, para assim percebermos verdadeiramente quais são os estados emocionais que nos paralisam e os que nos tornam aptos a agir. Ao entendermos como podem ser deflagrados e utilizados em nosso proveito, temos em mãos o poder incrível de decidir quais os caminhos que iremos assumir e que ditarão a nossa realização pessoal, bem como demarcaremos com clareza a linha que separa a ação da paralisia, o sucesso do insucesso.
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