27 de abril de 2011

Shiva, o primeiro yôgi


Na tradição hindu, Shiva é o destruidor, que destrói para construir algo novo, motivo pelo qual muitos o chamam também de “renovador” ou “transformador”. As primeiras representações surgiram no período Neolítico (em torno de 4.000 a.C.) na forma de Pashupati, o “Senhor dos Animais”. A criação do Yôga, prática que produz transformação física, mental e emocional, portanto, intimamente ligada à transformação, é atribuída a ele.

Os símbolos de Shiva

O TRISHULA
O tridente que aparece nas ilustrações de Shiva é o trishula. É com essa arma que ele destrói a ignorância nos seres humanos. Suas três pontas representam as três qualidades dos fenômenos: tamas (a inércia), rajas (o movimento) e sattva (o equilíbrio).
A SERPENTE
A naja é a mais mortal das serpentes. Usar uma serpente em volta da cintura e do pescoço, simboliza que Shiva dominou a morte e tornou-se imortal. Na tradição do Yôga, ela também representa kundaliní, a energia de fogo que reside adormecida na base da coluna. Quando despertamos essa energia, ela sobe pela coluna, ativando os centros de energia (chakras) e produzindo um estado de hiperconsciência (samádhi), um estado de consciência expandida.
GANGA
No topo da cabeça de Shiva se vê um jorro d’água. Na verdade é o rio Ganges (Ganga) que nasce dos cabelos de Shiva. Há uma lenda que diz que Ganges era um rio muito violento e não podia descer à Terra pois a destruiria com a força do impacto. Então, os homens pediram a Shiva que ajudasse e ele permitiu que o rio caísse primeiro sobre sua cabeça, amortecendo o impacto e depois, mais tranqüílo, corresse pela Terra.
LINGAM
Lingam (“emblema”, “distintivo”, “signo”), também chamado de linga, é o símbolo fálico de Shiva. Representa o instrumento da criação e da força vital, a energia masculina que está presente na origem do universo. Está associado ao poder criador de Shiva.
DAMARU
O tambor em forma de ampulheta representa o som da criação do universo. No hinduísmo, o universo brota da sílaba ÔM. É interessante comparar essa afirmação com a conhecido prólogo do Evangelho de São João: “No princípio era o Verbo (a sílaba, o som). E o Verbo era Deus. (…) Tudo foi feito por Ele (o Verbo) e sem Ele nada se fez.”
É com o som do damaru que Shiva marca o ritmo do universo e o compasso de sua dança. As vezes, ele deixa de tocar por um instante, para ajustar o som do tambor ou para achar um ritmo melhor e, então, todo o universo se desfaz e só reaparece quando a música recomeça.
FOGO
Shiva está intimamente associado ao fogo, pois esse elemento representa a transformação. Nada que tenha passado pelo fogo, permanecerá o mesmo: o alimento vai ao fogo e se transforma, a água se evapora, os corpos cremados viram cinzas. Assim, Shiva nos convida a nos transformarmos através do fogo do Yôga. O calor físico e psíquico que essa prática produz nos auxilia a transcender nossos próprios limites.
NANDI
Nandi (“aquele que dá a alegria”) é o touro branco que acompanha Shiva, sua montaria e seu mais fiel servo. O touro está associado às forças telúricas e à virilidade. Também representa a força física e a violência. Montar o touro branco, significa dominar a violência e controlar sua própria força. Sua devoção por seu senhor é tão grande que sempre se encontra sua figura diante dos templos dedicados a Shiva. Ele está deitado, guardando o portão principal.
A LUA CRESCENTE
A lua, que muda de fase constantemente, representa a ciclicidade da natureza e a renovação contínua a qual todos estamos sujeitos. Ela também representa as emoções e nossos humores que são regidos por esse astro. Usar um crescente nos cabelos simboliza que Shiva está além das emoções. Ele não é mais manipulado por seus humores como são os humanos, ele está acima das variações e mudanças, ou melhor, ele não se importa com as mudanças pois sabe que elas fazem parte do mundo manifesto.

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